Hipertensão ainda é um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares

SOCERGS esclarece dúvidas e orienta sobre medicamentos

26/04/2024

SOCERGS esclarece dúvidas e orienta sobre medicamentos

Hereditariedade, excesso de sal e alimentos ultraprocessados, sedentarismo são causas associadas à hipertensão que, em 2021, chegou a 18,7 mortes por 100 mil habitantes, maior taxa de mortalidade da doença registrada no país, de acordo com o Ministério da Saúde. Ao lado do diabetes, a obesidade e o tabagismo, a hipertensão está entre os principais fatores de risco das doenças cardiovasculares – as que mais mantam no mundo, inclusive no Brasil –, segundo informa o estudo Estatística Cardiovascular de 2021 da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e também é fator de risco para infarto e para o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Por não apresentar sintomas na maioria dos casos, muitas pessoas nem sabem que têm o problema. Exatamente por esse motivo é importante avaliar regularmente a pressão arterial e fazer consultas periódicas com o cardiologista. De acordo com as sociedades de Cardiologia em todo o mundo, a pressão ideal é 12 por 8 (120mmHg por 80mmHg), acima é pré-hipertenso e ao chegar a 14 por 9 (140mmHg x 90mmHg), já se caracteriza hipertensão.

Para o tratamento da doença de difícil cura, há muitas opções de medicamentos no mercado. As contraindicações também são variadas – como para gestantes ou pacientes em tratamento de câncer. As reações também podem ser adversas, desde boca seca a disfunção erétil. Por isso, alerta o cardiologista Dr. Fábio Michalski Velho, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul (SOCERGS), é fundamental procurar ajuda médica especializada e “nunca se automedicar”. Em entrevista, o cardiologista esclarece dúvidas e reforça o cuidado com a saúde.

1) A hipertensão arterial tem cura, ou seja, o paciente hipertenso terá que usar medicação para toda a sua vida ou pode, em algum momento, ter a pressão normalizada?

Dr. Fábio Michalski Velho/SOCERGS: A grande maioria dos indivíduos hipertensos necessitará de tratamento anti-hipertensivo para o resto das suas vidas. Um percentual pequeno, no entanto, apresenta uma causa específica para a sua hipertensão e ao tratá-la poderemos curá-la. Cito como exemplo a obesidade, que com a redução de peso podemos normalizar a pressão arterial.

2) A hipotensão pode se transformar em hipertensão, ou seja, quem teve em grande parte da vida pressão baixa pode de uma hora para outra passar a ter pressa alta?

Dr. Fábio Michalski Velho/SOCERGS: Sim. Com o nosso envelhecimento é esperado que a pressão arterial se eleve progressivamente, assim o indivíduo pode ser tornar hipertenso. Estudos mostram que 65% da população com idade superior a 60 anos possui hipertensão arterial. Além disso, mudanças no nosso estilo de vida ao longo da vida como ganho de peso, dieta rica em alimentos ricos em sódio ou ultraprocessados contribuem para que aquele indivíduo com pressão arterial normal acabe se transformando em hipertenso.

3) Por quanto tempo um paciente pode fazer uso de anti-hipertensivos?

Dr. Fábio Michalski Velho/SOCERGS: O paciente pode fazer uso de anti-hipertensivo com segurança para o resto das suas vidas sem prejuízo à sua saúde. É normal ao longo do seu acompanhamento que se façam ajustes pontuais de dose (ou a pressão subiu ou baixou) ou por surgimento de efeitos colaterais. Nos estados da região sul, onde existem quatro estações bem definidas, é comum a pressão diminuir no verão e subir no inverno, por exemplo. O importante é o paciente hipertenso regularmente visitar o seu cardiologista, avaliar estas necessidades e sempre manter a pressão arterial sob controle.

4) O uso prolongado de remédios anti-hipertensivos pode acarretar reações?

Dr. Fábio Michalski Velho/SOCERGS: Existem diversos medicamentos anti-hipertensivos e com vários mecanismos de ação distintos. Cada um deles pode acarretar efeitos colaterais distintos e alguns bem comuns. Cito como exemplo a tosse seca, comumente associada ao uso de Captoril ou Enalapril, edema (inchaço) nas pernas associada a Anlodipina, crises ou piora de asma associada ao uso de propranolol. Ao fazer uso do medicamento, o paciente deve ficar atento e se perceber algum sintoma indesejado, deve comunique ao seu médico para uma avaliação. É importante salientar que a grande maioria dos anti-hipertensivos é segura, eficiente e com baixa incidência de efeitos colaterais.

5) Quais as principais contraindicações de medicamentos para hipertensão?

Dr. Fábio Velho/SOCERGS: Existem diversas classes de medicamentos anti-hipertensivos e cada uma delas possui contraindicações específicas. Alguns medicamentos não podem ser utilizados em gestantes, outros em pacientes asmáticos, com problemas renais, insuficiência cardíaca, câncer e distúrbios do cálcio. Portanto, não se automedique ou peça orientação de um familiar ou amigo hipertenso, pois o tratamento é sempre individualizado e um medicamento que é indicado para uma pessoa pode ser contraindicado para outra. Procure sempre orientação com o seu cardiologista.
 

6) A hipertensão pode levar à impotência sexual? Determinados medicamentos, como a losartana potássica, podem causar o problema?

Dr. Fábio Velho/SOCERGS: A hipertensão arterial sistêmica é um fator de risco para disfunção erétil. Estudos mostram que a disfunção erétil é duas vezes mais comum em hipertensos do que nos normotensos. Sobre os medicamentos anti-hipertensivos causarem impotência é um assunto polêmico, mas a maioria das evidências científicas indicam que o tratamento da hipertensão, inclusive com medicamentos com mecanismo de ação semelhante a losartana potássica, melhoram o desempenho sexual. Na persistência dos sintomas existem medicamentos que são utilizados especificamente para tratamento da impotência e que podem ser usados na grande maioria por pacientes hipertensos. O importante que o paciente nunca se automedicar e sempre conversar com o seu médico sobre o tema.

7) Alimentação saudável pode ajudar a controlar a pressão arterial?

Dr. Fábio Michalski Velho/SOCERGS: As intervenções alimentares fazem parte do tratamento do indivíduo hipertenso. Estudos demonstram uma redução da pressão arterial ao ingerirmos alimentos da dieta DASH [dieta criada pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos com foco no controle da hipertensão que tem como base menor ingestão de sal – cerca de 2.300 miligramas por dia, que equivale a 5 gramas de sal ou uma colher de chá] ou mediterrânea, que inclui porções generosas diárias de frutas, hortaliças, grãos integrais, azeite de oliva extra virgem, nozes e castanhas, laticínios com baixo teor de gordura e peixes. O consumo de alimentos ricos em potássio, como o feijão, espinafre, melão, tomate, laranja, limão, uva passa, leite desnatado, peixe como linguado e atum, tomate e folhas verdes também auxiliam com efeito modesto na redução da pressão arterial. Ressalta-se que pacientes portadores de problemas renais devem evitar o consumo de alimentos ricos em potássio. Ao evitar alimentos ricos em sódio (sal) ou os ultraprocessados, a pessoa estará ajudando a controlar a pressão arterial.

8) Quais as orientações para evitar a hipertensão?

Dr. Fábio Michalski Velho/SOCERGS: Deve-se aferir com regularidade a pressão arterial com o médico cardiologista, pois a hipertensão, muitas vezes, é assintomática.  Deve-se manter hábitos de vida saudáveis, uma boa alimentação, evitar o sedentarismo, abandonar vícios como o cigarro e reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas.

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